Alguns mitos do empreendedorismo tomaram conta da nossa vida nos últimos anos. Por exemplo: você acreditaria se alguém dissesse, há anos, que o empreendedorismo seria a solução para um mundo onde as expectativas não são tão otimistas e os problemas parecem tomar conta do dia a dia? Isso porque o empreendedorismo vai muito além do senso comum e é capaz de transformar a vida de qualquer pessoa.
Mesmo sendo um assunto bastante comentado, as discussões ainda são rasas e carecem de mais clareza a respeito dos conceitos, alcance e efeitos do empreendedorismo.
É preciso entender que o ato de empreender não está atrelado apenas a um grupo de pessoas que possui dinheiro ou investimentos, muito menos é exclusivo de novos.
Quem conversa com a gente sobre os mitos do empreendedorismo é Claudio Landsberg, empresário e fundador da Casa Group, uma franquia de vending machine que teve seu início dentro de uma garagem e hoje conta com 24 tipos diferentes de vending machines, 23 bandeiras de hotéis e mais de 1300 máquinas nos Estados Unidos, além de franquias em território internacional.
Empreender como plano A
As gerações passadas viviam em um mundo completamente diferente, com costumes e conceitos que viriam a se transformar junto à geração atual. O primeiro deles era de considerar o empreendedorismo como um plano fuga, para o caso do primeiro plano (estudar para trabalhar até aposentar) não dar certo.
“Culturalmente, nós entendemos que temos que cumprir etapas na vida. Fazer uma faculdade, conseguir um emprego ou passar em um concurso e ganhar bem até se aposentar. Se tudo der errado, daí a gente pensa em empreender”, comenta Landsberg.
Essa herança cultural tem sido remoldada pela nova geração, que já tem tratado o empreendedorismo como uma opção válida de plano de vida. Ainda assim, o empresário acredita que há um longo caminho pela frente até que esse e outros mitos do empreendedorismo não façam mais parte da rotina do brasileiro.
“Para mim, empreender é o menor caminho para reduzir o desemprego, mas não só isso. É uma mola mestre que impulsiona a economia de qualquer lugar, mas que depende de governos e pessoas que entendam isso para acontecer.”
A economia é mesmo o problema?
O pensamento de que o maior obstáculo para é a economia é um dos mitos do empreendedorismo. A verdade é que , no Brasil, país que ainda luta contra dificuldades financeiras e crise sanitária, a maior barreira das ideias inovadoras é o medo de encarar o fracasso. Então, como lidar com esse medo? Landsberg responde prontamente: com otimismo e visão estratégica.
“Precisamos ter em mente que fracassos e sucessos sempre serão vistos com julgamento. Agora que a pandemia nos trouxe um olhar para dentro, quem consegue enxergar a parte ‘meio cheia do copo’ também consegue entender onde as oportunidades estão e não pode hesitar em ir atrás delas”, aconselha.
Empreender não é só talento
Se o primeiro passo é a visão otimista e a procura por oportunidades, podemos afirmar que o sucesso necessita de mais um fator essencial para acontecer: a ideia inovadora. Sejam produtos ou serviços, não tenha dúvida: o que é realmente é necessário para se alcançar o sucesso é inovação. Ao entregar algo diferenciado, você levará o consumidor ao que chamamos de Oceano Azul, onde a entrega é muito além do tradicional e a ideia não se torna uma commodity.
Então, entre os mitos do empreendedorismo está a ideia de que empreender é coisa de quem nasceu para isso. Mas uma boa dose de estudo e instinto, ou, popularmente, jogo de cintura é o que faz o negócio acontecer.
“Por isso que essa é uma matéria fundamental em qualquer instituição de ensino. Se as pessoas entenderem como o ato de empreender funciona, também entendem que ele é capaz de trazer contribuições para a sociedade”, reforça Landsberg.
Instintos amarrados, oportunidades desperdiçadas
Pensando no que vimos até agora, então, acabar com os mitos do empreendedorismo dependa da mudança no processo de educação que, nos seus moldes tradicionais, considera o sucesso fruto de trabalhos passivos e com ausência da criatividade.
Ainda assim, muitas das escolas já consideram o empreendedorismo como a chave para transformação da sociedade e ensinam o aluno sem forçá-lo a abrir seu negócio, mas deixando claro que ele pode fazer a diferença independente da escolha para o futuro.
“A inovação não serve apenas para gerar novidades em serviços ou produtos. Ela também estimula o intraempreendedorismo, em que pessoas são empreendedoras dentro do trabalho”, explica Landsberg.
E aqui está mais um dos mitos do empreendedorismo: não é só quem abre um negócio próprio que empreende. Enxergar possibilidades de mudanças de processos, de produtos, de trazer novos conceitos para a empresa em que você é um colaborador também faz parte da ideia de empreender.
Para o empresário, agir e pensar como empreendedor faz com que nós, independentemente da posição (funcionários ou donos de negócios), alcancemos oportunidades de crescimento. Landsberg ainda ressalta que a inovação é erroneamente relacionada ao aporte de tecnologias de ponta e altos inventimentos, quando, na verdade, pode ser implementada com pequenas mudanças em processos e o conhecimento de algo já realizado anteriormente.
E por que falar de mitos do empreendedorismo?
Todo projeto empreendedor possui uma curva de aprendizado e crescimento. São necessários investimentos iniciais que permitirão construir uma boa base, mas isso não significa possuir um grande aporte monetário para que a ideia funcione.
“Muitos negócios surgem com pouco ou apenas com uma ideia. É preciso estudo e um plano com marcos para avaliar as vitórias, os pontos fora da curva e o que precisa ser corrigido. O sucesso em si só acontece quando sabemos onde estamos e onde desejamos chegar”, lembra.
Ter dinheiro ajuda, mas não é apenas isso que vai garantir o tão almejado sucesso. Para Landsberg, o segredo se baseia em “pés no chão e olhos nas estrelas”.
“Ninguém precisa ter vergonha por não ter um grande caixa para começar ou não ter um local bem estruturado. Comece onde é possível, no seu quarto, na sua garagem, na sua mesa do trabalho. Apenas queira mudar o que você acha que pode ser mudado”, aconselha.
Para finalizar o assunto, o empresário deixa claro que não existem caminhos fáceis. Qualquer situação carece de resiliência e, para os empreendedores destemidos, o prazer de colocar uma ideia em prática é mais importante do que ter dinheiro aplicado à causa. E aí? Com uma conversa dessas, você deixou de lado alguns mitos do empreendedorismo? Comente seus desafios quando o assunto é empreender e não deixe de compartilhar este texto com seus amigos!