Se o acesso à informação é um direito garantido pela Constituição Federal, especialmente para o exercício pleno da cidadania, como nos manter instruídos e em quem acreditar na era das fake news? O que podemos aprender observando o comportamento dos brasileiros sobre esse tema?
A popularização das redes sociais proporcionou a descentralização da produção da informação e a democratização das narrativas. Consequentemente, despertou a desconfiança dos maiores e mais tradicionais veículos de comunicação do país.
Todo mundo pode presenciar um fato e reportá-lo a outra pessoa ou grupo, seja em formato de texto, áudio ou vídeo, em tempo real. Junte isso a acontecimentos de larga escala e pronto: o compartilhamento nunca foi tão fácil e rápido.
Assim, os critérios utilizados para divulgação de uma notícia acabam ficando mais fragilizados, como apuração dos fatos e checagem de fontes para conferir veracidade ao que está sendo informado.
Para compor este cenário que deu origem à era das fake news – um momento de grande produção de conteúdo, mas também de muita desinformação – a MindMiners, uma startup de pesquisa digital, e a Civi-Co, um polo de impacto social, realizaram um estudo sobre consumo de informação.
O jornal impresso
Mesmo sendo considerado uma mídia antiga, o jornal impresso ainda é a melhor representação de imprensa. Isso porque os participantes do estudo relacionaram a mídia como a primeira coisa que vem à cabeça quando questionados sobre o termo.
Os últimos anos evidenciaram um excesso de preocupação dos jornais impressos em se reinventarem, por isso algumas modernizações e adaptações foram necessárias para se encaixarem às novas formas de consumo de informação.
Contudo, a credibilidade construída ao longo dos anos ainda é um diferencial, mesmo que o número de assinantes esteja diminuindo com o tempo.
Canais de atualização
A televisão aberta, imbatível em termos de audiência nas últimas décadas, se vê, na era das fake news, disputando espaço com a internet, especialmente as redes sociais. Confira alguns números: 54% dos participantes da pesquisa se informam pela TV; 66% pelas redes sociais; e 65% por portais online de notícias.
Entre os grandes nomes de veículos tradicionais, os participantes elencam seus preferidos quando o assunto é televisão e informação: Globo, Record, SBT e Globo News, respectivamente.
Já no universo online, os participantes escolhem consumir informações do G1 e de plataformas e redes sociais como Youtube, Facebook e Instagram.
Formato da notícia
A importância histórica do rádio e o aumento no número de produção e reprodução de podcasts nos últimos anos não foram suficientes para manter o áudio como formato favorito dos participantes da pesquisa.
Mesmo assim, o rádio é considerado por 52% das pessoas como um veículo de informação em que elas se atualizam, pelo menos, uma vez na semana. Já o podcasts apareceram em apenas 25% das respostas.
O fim do texto?
Na era da fake news, a notícia em texto ainda tem muita credibilidade. Mesmo com a imensidão de produtos audiovisuais disponíveis, a leitura ainda é a forma preferida das pessoas para consumir informação.
A mudança foi, essencialmente, na plataforma, que antes era predominantemente jornal impresso e hoje ocorre via celular, tablets e computadores. Assim, 53% dos entrevistados prefere notícias em texto, independentemente da mídia escolhida.
Qual informação é importante?
A pesquisa ainda revelou que 70% dos participantes enxergam na informação uma forma de satisfação pessoal e revelaram preferir notícias que afetam seu cotidiano enquanto cidadão.
A política é um dos principais assuntos de interesse das pessoas, mas ainda desperta muita controvérsia, já que também aparece como sugestão sobre o que os jornalistas deveriam falar menos. A era das fake news trouxe a contradição de considerar o tema relevante, mas que precisa ser tratado de forma diferente.
Outros conteúdos expressivos são tecnologia, economia, ciência e esporte.
Opinião X informação
A contradição não fica só na temática das notícias. Quando perguntados sobre formadores de opinião, William Bonner surge como um dos nomes mais citados, mas ele não necessariamente expressa pontos de vista durante as apresentações de notícias.
De qualquer forma, ele acaba sendo alguém capaz de influenciar os telespectadores na era das fake news.
O aplicativo de mensagens instantâneas Whatsapp se destaca como a via principal de propagação das notícias falsas. Mas as demais redes sociais não ficam de fora. A verdade é que a capacidade de produção de informação ultrapassou a disponibilidade de verificação delas em todas as mídias e plataformas.
Para nos ajudar a passar pela era das fake news, os jornalistas e veículos de comunicação têm a difícil tarefa de recuperar a credibilidade e encontrar soluções que minimizem os impactos negativos. Empresas como Estadão, Google, Facebook e O Globo já estão buscando como melhorar esse processo.
E você? Tem o costume de checar a fonte antes de compartilhar uma notícia?